Quem conhece o mercado de cobrança sabe que vivemos um momento de transformações profundas. A tecnologia, as novas regulamentações e as mudanças no comportamento do consumidor estão redesenhando as estratégias tradicionais. Enquanto alguns canais enfrentam limitações e desgaste, outros se destacam como grandes oportunidades, mas apenas para quem sabe como utilizá-los estrategicamente.
A questão não é apenas ‘o que fazer’, mas ‘como fazer’ para navegar por esse cenário em constante evolução.
O declínio dos canais tradicionais e o fim da era do “alô”
Por muito tempo, o telefone foi o rei indiscutível das operações de cobrança. Contudo, a história mudou. A Origem Verificada e o prefixo 0303, criados para dar mais transparência ao consumidor, trouxeram uma consequência inesperada: mais dificuldade para que as empresas consigam o tão desejado “alô”. Afinal, as pessoas estão cada vez mais seletivas sobre quais chamadas atender.
Além disso, o SMS – que já foi um dos canais mais confiáveis – sofreu um baque com o aumento dos golpes. Embora ainda tenha potencial, ele carrega o estigma da desconfiança, dificultando sua adesão em massa, em especial com links de redirecionamento.
E o e-mail? Ah, o patinho feio da comunicação digital. Poucos conseguem usar esse canal de forma eficiente. A grande maioria das mensagens acaba esquecida na pasta de spam ou ignorada em meio a dezenas de outras promoções. Mas quem domina a arte do e-mail marketing ainda consegue bons resultados. O segredo? Estratégia e relevância.
WhatsApp: o queridinho que nem sempre é fácil de lidar
É impossível falar de cobrança hoje sem mencionar o WhatsApp. Com mais de 2 bilhões de usuários ativos no mundo, o aplicativo se tornou o canal favorito para quase tudo, inclusive negociações financeiras. Mas nem tudo são flores. O banimento de contas por práticas inadequadas tem se tornado um problema frequente. Mensagens excessivas, a falta de consentimento do cliente e o uso de uma comunicação pouco eficiente são alguns dos erros mais comuns. Isso mostra que, mesmo em um canal com tanto potencial, a falta de estratégia pode transformar uma oportunidade em um problema.
Então, o que fazer para usar o WhatsApp de forma eficiente? A resposta está em um planejamento detalhado, na personalização do contato e no monitoramento. O cliente precisa sentir que está conversando com alguém que entende suas necessidades, e não com um robô que dispara mensagens genéricas.
E como fazer?
Se os canais tradicionais enfrentam limitações e os novos exigem estratégias mais sofisticadas, a solução não está em escolher um único canal, mas em integrar vários. E isso exige criatividade, inteligência e, principalmente, empatia. Vamos explorar 5 situações práticas:
1. Conheça seu público
Entender o perfil do cliente é o primeiro passo. Idade, hábitos digitais e preferências de contato podem variar bastante. Por exemplo, enquanto jovens podem preferir o WhatsApp, pessoas mais velhas ainda têm maior confiança no contato por voz.
2. Combine canais de forma estratégica
Uma abordagem multicanal é essencial. Um e-mail pode ser usado como primeiro contato, seguido por uma mensagem no WhatsApp ou até mesmo uma ligação. A ideia é criar uma jornada integrada, respeitando o momento e a preferência do cliente.
3. Use a tecnologia a seu favor
Ferramentas de automação e inteligência artificial podem transformar o jogo. Bots bem configurados podem ajudar no primeiro contato, responder dúvidas frequentes e até negociar acordos iniciais. Mas lembre-se: o toque humano ainda é essencial nas etapas mais sensíveis.
4. Treine sua equipe
Por mais que a tecnologia seja uma grande aliada, o sucesso de uma operação de cobrança ainda depende de pessoas. Capacitar a equipe para lidar com diferentes canais e situações é essencial.
5. Aposte em mensagens personalizadas
Nada espanta mais um cliente do que receber uma mensagem genérica. Seja no WhatsApp, SMS ou e-mail, personalize a comunicação com o nome do cliente, detalhes da dívida e opções de pagamento. Isso demonstra atenção e cuidado.
Inovação e criatividade: um duelo incrível
Além de otimizar os canais existentes, é hora de pensar fora da caixa. Que tal explorar novas formas de engajar o cliente? Programas de incentivo, como descontos para antecipação ou até mesmo campanhas fora de época (além do famoso feirão).
Com as ferramentas certas, é possível identificar padrões de comportamento e prever a melhor forma de abordar cada cliente, a partir dos dados obtidos. Imagine saber, com base no histórico, qual horário ele está mais propenso a responder uma mensagem ou qual canal ele prefere? Esse tipo de informação pode ser decisivo.
A chave para o sucesso é adaptação
O mercado de cobrança está em uma encruzilhada, mas isso não é necessariamente ruim. As mudanças trazem desafios, é claro, mas também abrem espaço para inovação e novas oportunidades.
A pergunta que permanece não é “o que fazer?”, mas “como fazer?”. A resposta passa por compreender o cliente, usar a tecnologia de maneira inteligente e adotar uma abordagem estratégica e multicanal. Afinal, já ficou para trás o tempo em que cobrança era sinônimo de conflito. Com criatividade, empatia e boas práticas, é possível transformar essa relação em algo mais humano, eficiente e até leve. No fim das contas, todos saem ganhando: as empresas, que recuperam seus créditos, e os clientes, que se sentem respeitados e bem atendidos.
E você, já adaptou sua estratégia para 2025?
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