O que muda com o novo teto de juros do crédito consignado do INSS?
O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou uma nova elevação no teto da taxa de juros do crédito consignado para beneficiários do INSS. O índice passou de 1,66% para 1,80% ao mês, uma medida proposta pelo Ministério da Previdência Social. A decisão foi motivada pelo cenário econômico atual e pelo comportamento da taxa Selic, que continua subindo.
Apesar do aumento no teto do consignado tradicional, a taxa para cartão de crédito consignado, atualmente em 2,46% ao mês, permanece inalterada. O CNPS planeja discutir esse índice em reuniões futuras.
A pressão dos bancos e os desafios da rentabilidade
Representantes do setor bancário esperavam um teto de juros ainda maior, de até 1,99% ao mês. Ivo Mósca, representante das instituições financeiras, argumentou que a nova taxa de 1,80% não é suficiente para eliminar o prejuízo das operações. Segundo ele, a oferta de crédito pelos correspondentes bancários pode continuar limitada, prejudicando a capacidade dos bancos de atender à demanda crescente.
Os bancos defendem que, com a Selic atualmente em 12,25% ao ano e a perspectiva de novas altas, o custo de captação torna a modalidade menos lucrativa. Grandes instituições, incluindo Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, já haviam reduzido a oferta de consignado via correspondentes por conta da baixa rentabilidade.
Consignado do INSS: um mercado resiliente
Apesar dos desafios enfrentados pelos bancos, o crédito consignado do INSS se destaca por sua resiliência e crescimento contínuo. De acordo com Benedito Brunca, diretor do Departamento do Regime Geral de Previdência Social, o segmento foi o único a registrar expansão nos últimos nove anos, com inadimplência inferior a 2%.
O executivo destacou que o mercado continua competitivo, mesmo com o aumento das taxas. A política do CNPS visa equilibrar a sustentabilidade financeira dos bancos e a proteção dos aposentados e pensionistas, garantindo que as condições de crédito permaneçam acessíveis.
Por que a Selic influencia o crédito consignado?
Desde que o teto anterior foi definido em junho de 2024, a Selic subiu de 10,50% para 12,25% ao ano. Como a taxa básica de juros afeta diretamente o custo de captação das instituições financeiras, qualquer variação impacta a viabilidade de produtos como o consignado. O Banco Central já indicou possíveis novos aumentos, o que pode reacender os debates sobre a necessidade de novos ajustes no teto de juros.
Considerações finais: qual o impacto para os beneficiários do INSS?
Para aposentados e pensionistas, a elevação do teto para 1,80% ao mês significa acesso contínuo ao crédito com taxas ainda relativamente baixas em comparação com outras modalidades. Contudo, é fundamental manter atenção às condições contratuais e evitar o superendividamento. O novo teto reflete um equilíbrio delicado entre o custo do crédito e a necessidade de proteger consumidores vulneráveis.
Com os bancos exigindo ajustes mais agressivos, o debate sobre o crédito consignado promete continuar quente em 2025, com possíveis implicações para políticas públicas e regulamentações futuras.
Fonte: Isto é Dinheiro