A inadimplência empresarial no Brasil alcançou números históricos em 2024, acendendo um alerta sobre as condições financeiras e os desafios das empresas para 2025. Este artigo detalha os dados divulgados pelo Serasa Experian e as perspectivas econômicas que podem impactar a recuperação das empresas.
Recorde de empresas inadimplentes
Segundo o levantamento do Serasa Experian, o Brasil terminou outubro de 2024 com 7 milhões de empresas inadimplentes, representando 32,3% de todas as empresas ativas no país. O montante das dívidas somou um recorde de R$ 156,1 bilhões. Comparado ao mesmo período de 2023, houve um aumento de 500 mil empresas inadimplentes e um crescimento de R$ 30,3 bilhões no valor total das dívidas.
As micro e pequenas empresas foram as mais afetadas, somando 6,5 milhões de negócios com 46,5 milhões de dívidas, totalizando R$ 134,1 bilhões. Cada empresa tinha, em média, 7,1 contas atrasadas.
Os fatores por trás da inadimplência
A alta das taxas de juros e o aumento do dólar em 2024 foram os principais responsáveis pelo agravamento da situação financeira das empresas.
Impacto da Selic elevada
De acordo com o economista Sandro Prado, o aumento da taxa Selic encarece os empréstimos e financiamentos, dificultando o pagamento de dívidas por parte das empresas, especialmente para capital de giro. “Muitas empresas investem com capital de terceiros. O custo mais alto dos financiamentos compromete ainda mais os recursos”, explicou Prado.
A dificuldade de pagamento se intensifica no final do ano, quando surgem despesas extras, como 13º salário, IPTU e IPVA. Empresas que não fizeram provisões financeiras enfrentam ainda mais dificuldades.
Efeito do dólar alto
A desvalorização cambial também pesou nas contas empresariais. Negócios que dependem de insumos importados ou tecnologia enfrentaram custos mais altos, prejudicando o fluxo de caixa e a capacidade de pagamento. Empresas que não conseguem repassar o aumento de custos ao consumidor sofrem maior pressão financeira.
Perspectivas para 2025
Ajustes fiscais e redução da Selic
O economista Tiago Monteiro afirma que o equilíbrio fiscal é essencial para reduzir a Selic. “Se houver controle nos gastos públicos e responsabilidade fiscal, teremos base para baixar os juros, estimulando consumo e produção”, disse Monteiro. No entanto, ele alerta para os riscos de uma crise econômica prolongada caso a redução da Selic seja motivada por razões políticas.
O cenário de inadimplência recorde em 2024 exige medidas estratégicas para melhorar a saúde financeira das empresas. A expectativa para 2025 depende de políticas econômicas coerentes, com foco em equilíbrio fiscal e redução de juros. Acompanhando esses fatores, os empreendedores devem priorizar gestão eficiente e planejamento para evitar o colapso financeiro.